Encerrou hoje, em Bento Gonçalves, o 3º Congresso Sindical da Indústria, promovido pelo do Sistema FIERGS, por meio da Unidade de Desenvolvimento Sindical (Unisind). O evento, que reuniu lideranças e executivos de sindicatos filiados à entidade de diferentes regiões gaúchas, teve como tema o fortalecimento do diálogo e da integração do movimento sindical da indústria estadual.
Na abertura, o presidente do Sistema FIERGS, Claudio Bier, fez um balanço de ações realizadas pela entidade e destacou a força e a união do setor industrial, ressaltando o papel decisivo dos sindicatos e a atuação da Federação em prol da indústria gaúcha. “Fomos testados pelas enchentes de 2024 e a indústria não mediu esforços para fazer a sua parte”, exemplificou, ao lembrar que a FIERGS realizou a maior operação de resposta a desastres da sua história, mobilizando R$ 65 milhões em recursos, que beneficiaram mais de 80 municípios gaúchos.
No dia de hoje o 3º Congresso Sindical da Indústria foi dedicado a debates estratégicos sobre o ambiente regulatório e econômico.
O primeiro painel abordou o tema “Cenário Trabalhista 2026”, que tratou de tendências e perspectivas para as relações do trabalho e negociações coletivas no próximo ano. Os participantes destacaram a importância de uma preparação sólida das equipes e comissões de negociação diante de um contexto desafiador. “A negociação coletiva, para ser efetiva, precisa ser uma via de duas mãos e está relacionada à estratégia de negociações”, afirmou advogada e conselheira do Conselho de Relações do Trabalho (Contrab), da FIERGS, e assessora jurídica da Unidade de Desenvolvimento Sindical (Unisind), Gisele Garcez. Foi ressaltado ainda que o diálogo dos sindicatos com as empresas deve ser o ponto de partida, por meio de assembleias que permitam compreender as principais dificuldades.
Entre os temas abordados pelo diretor do CIERGS e coordenador do Contrab, Guilherme Scozziero, esteve a proposta de ampliação da licença paternidade, que está em tramitação e se estende de cinco para 30 dias de forma gradual a partir de 2027. “A previsão é que seja custeada pela Previdência Social, o que ainda não está claro é a questão da estabilidade para o pai”, ressaltou.
O advogado e assessor jurídico do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Estado do Rio Grande do Sul (Simers), Thiago Guedes, também participou do painel. Outros temas abordados foram escala 6×1, estratégia de negociação, tempo de negociação, contribuição assistencial, apoio da Unisind e Contrab nas negociações, cláusulas normativas e a publicação do material “Boletim Boas Práticas”: disponível no link www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/boletim-boas-praticas.
REFORMA TRIBUTÁRIA
Já no painel Reforma Tributária: transição, desafios e oportunidades para a indústria, o presidente do Sicepot-RS, diretor da FIERGS e coordenador do Conselho de Assuntos Tributários, Legais e Cíveis (Contec), Rafael Sacchi, afirmou que o novo sistema fiscal brasileiro representa uma profunda transformação na forma de tributação das empresas.

Rafael Sacchi como coordenador no painel com Máro Sérgio Telles e Paulo Caliendo
A instituição do IBS, da CBS e do Imposto Seletivo muda o paradigma tributário nacional, introduzindo a cobrança baseada no destino e exigindo das empresas uma nova mentalidade de planejamento. O coordenador explicou que o processo de transição, que começa já em 2026, se estende até 2033, demandará intensa adaptação de contadores, advogados e gestores. “As empresas precisarão pensar tributariamente, porque o tributo é uma variável central na operação”, concluiu.
De acordo com dados da pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) trazidos pelo diretor de Economia da entidade, Mário Sérgio Telles, a reforma tributária deve gerar um crescimento adicional de 7,6% na arrecadação do PIB. Ele também falou sobre a redução de incentivos fiscais do ICMS. Para mitigar essas perdas, foi criado um fundo de compensação de benefícios fiscais, porém, seu alcance será limitado. O coordenador explicou que ele contemplará exclusivamente o setor industrial, ficando de fora os segmentos agropecuário, comercial e portuário.
Já o advogado tributarista Paulo Caliendo recapitulou outras mudanças tributárias ocorridas no Brasil e alertou que a nova transição que se iniciará em 2026 será a maior alteração de regras tributárias em 60 anos. “É uma verdadeira revolução”.
