Em palestra na Sociedade de Engenharia do RS, o presidente do SICEPOT- RS, Rafael Sacchi, afirmou hoje que além do imenso desafio de reconstruir a infraestrutura do estado após as inundações, o setor da construção pesada enfrenta duas questões que agravam sobremaneira as dificuldades das empresas.
“O fato é que não temos mão de obra necessária para atender essa intensa demanda de obras, o que obrigará as empresas recorrer a trabalhadores de outros estados, cuja remuneração é de outro patamar, em comparação à realidade local”, acrescentou. “Estamos trabalhando nesse assunto e, junto com a Fiergs, iremos montar escolas de formação de profissionais em todas as áreas”.
A questão da defasagem dos preços dos insumos utilizados na construção, cuja base é determinada pelo Sicro (Sistema de Custos Referenciais de Obras), foi outro ponto relacionado pelo titular do SICEPOT-RS. “ O setor vem debatendo o assunto com o Dnit não havendo, contudo, uma definição após vários estudos encaminhados à autarquia”, apontou Sacchi observando que sem conseguir preço as empresas não podem trabalhar. “ Hoje mais de 40% das obras do setor estão paralisadas, no país, segundo apontou o TCU, devido a esse descompasso de preços”.
Sacchi também chamou atenção para a responsabilidade do setor da construção pesada no que se refere aos fabricantes de insumos. “Nosso setor é o que mais movimenta a cadeia produtiva entre todos os setores da economia do Brasil.”, afirmou. “São mais de 100 cadeias produtivas e muitos desses fornecedores que estão quebrados, sem condições de acesso ao crédito, para retomarem a oferta para a sua cadeia de clientes, irão precisar de alavancagem financeira”.
“Por isso precisamos de linhas específicas do BNDES, senão a reconstrução do estado não vai ocorrer no tempo necessário” continuou. “Falamos diretamente com o presidente do BNDES, Aloisio Mercadante, mas infelizmente o banco não foi sensível em abrir o crédito para empresas em recuperação judicial”.
Além de Sacchi, palestraram no Sergs Debates : Infraestrutura e Mobilidade – Planejando o Futuro dos Modais Logísticos do RS : Renê Wlach, da Câmara Brasil Alemanha do RS; Leandro Conterato, da Concessionária Rota de Santa Maria, e Tiago Pereira, do Conselho da Agroindústria da Fiergs.