O recente anúncio do governo federal sobre os cortes de verbas no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) acende um sinal de alerta para o setor da construção pesada, especialmente no Rio Grande do Sul. O presidente do SICEPOT-RS, Rafael Sacchi, avalia a situação com grande preocupação, destacando que a medida pode gerar desemprego e afetar a produtividade, em um momento crucial de recuperação do estado após as inundações.
Sacchi enfatiza que o Brasil já sofre com um investimento insuficiente em infraestrutura. “Apenas 0,5% do PIB está sendo investido em infraestrutura pelo poder público”, afirma o presidente, ressaltando que o ideal seria um percentual entre 2,5% e 4%. Para ele, os cortes agravam um cenário já precário, onde a máquina pública pesada dificulta a alocação de recursos suficientes.
Embora a falta de informações detalhadas sobre quais obras serão afetadas torne difícil uma análise precisa, ele prevê que os cortes podem impactar dezenas de milhares de empregos. Essa situação, segundo o presidente, também pode se refletir na compra de máquinas e na capacidade do setor de investir em novas tecnologias.
Regiões sensíveis
Sem uma lista oficial das obras cortadas, Sacchi expressa preocupação de que as regiões mais sensíveis ao corte de verbas são aquelas ligadas às obras de recuperação das inundações do ano passado. Ele cita especificamente o Vale do Taquari, a região Central do estado e a Serra Gaúcha, além de Eldorado do Sul. “Qualquer recurso que deixa de vir pesa mais do que em qualquer outra região”, afirma, reforçando que a redução de verbas é ainda mais crítica para áreas em reconstrução.
Diante do cenário, o SICEPOT, em parceria com entidades nacionais como a Aneor e a CBIC, está buscando negociar com o governo federal para que o Rio Grande do Sul não seja atingido pelos cortes. Sacchi menciona que a Aneor, entidade da qual o SICEPOT é um dos fundadores, tem bom trânsito no Ministério dos Transportes e em outras esferas do poder executivo. “Vamos trabalhar para que os cortes anunciados não atinjam o estado do RS em face desse período de recuperação que é extremamente importante”, explica.
Indutor do crescimento
Sobre o levantamento do TCU que estima que 50,7% das obras federais estão paralisadas no país, Sacchi comenta que muitas delas no Rio Grande do Sul sofrem com a falta de recursos, o que atrasa os cronogramas. Ele exemplifica com a duplicação da BR-116. O presidente critica a estratégia do DNIT de evitar a paralisação formal das obras para não ter que arcar com custos de desmobilização, o que prejudica a saúde financeira das empresas. Ele estima que muitas empresas do estado correm o risco de paralisar suas atividades ainda em 2025, já que a verba de R$ 1,5 bilhão para o país todo, até novembro, anunciada pelo DNIT é considerada insuficiente.
Ao concluir, Sacchi ressaltou a importância do investimento público em infraestrutura como indutor do desenvolvimento econômico. Ele destaca que a infraestrutura de um país é um indicador global de sua credibilidade e capacidade de atrair investimentos externos. “Quando o Brasil investe em infraestrutura e qualifica seus modais de transporte, ele mostra para o mundo ‘sou um país pronto para receber indústrias, investimentos externos’”, finaliza Sacchi, sublinhando que o nível atual de investimento está “muito aquém do que o Brasil precisa”.