A pós eventos climáticos extremos destruírem parte da malha rodoviária do Rio Grande do Sul, o ministro dos Transportes, Renan Filho, pretende liberar em 20 dias todas as estradas interditadas no Estado. Segundo ele, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia atuar em três frentes para enfrentar futuros desastres no Sul do País: a contenção das águas que descem da serra, aumento da capacidade de drenagem da Lagoa dos Patos e fortalecimento do sistemas de diques do Estado.
O Ministério dos Transportes anunciou cerca de R$ 1 bilhão para recuperar as estradas destruídas pelas chuvas no Rio Grande do Sul. Como será usado esse dinheiro?
Na verdade, é R$ 1,2 bilhão, aproximadamente. Ele está sendo usado primeiro para a reabertura, a limpeza e para a identificação de todos os impactos nas rodovias. E também será usado para reconstrução das rodovias que foram danificadas, inclusive duas pontes que foram severamente danificadas e terão de ser reconstruídas, além de muitos trechos de estradas. Mas esses recursos são tanto para as obras emergenciais quanto para as obras estruturantes. As pontes que vão ser reconstruídas são sobre o Rio Caí, na BR-116, próximo da cidade de Caxias do Sul, e a outra é próxima da cidade de Santa Maria, na BR287, sobre o Rio Toropi.
O recurso será todo empregado neste ano?
A expectativa é de que a gente empregue a maior parte dele. Além desse recurso, a gente já tinha para as obras estruturantes no Rio Grande do Sul R$ 1,8 bilhão. Então, nós teremos R$ 3 bilhões.
O senhor assumiu o Ministério dos Transportes tendo como meta fortalecer a pronta resposta para emergências, como afundamentos, incêndios e calamidades. O que deu errado no Rio Grande do Sul?
O que nós tivemos é que no Rio Grande do Sul houve duas BRs extremamente afetadas, que foi a BR-470 e a BR-116. Mas elas vão ser reconstruídas com esse recurso. Tanto que o recurso que foi destinado para a emergência é inclusive inferior ao próprio recurso que tinha sido destinado ordinariamente para o ano. Então, a gente percebe, até por isso, que não foi toda a malha rodoviária que foi destruída. Nós tivemos 120 pontos de interrupção nas rodovias federais e estamos apenas com dez agora, com menos de um mês do desastre. Daqui a pouquinho a gente não vai ter nenhum ponto de interrupção, fora as pontes. A gente espera nesses próximos 20 dias estar sem nenhum ponto de interrupção. Provavelmente precisaremos instalar duas pontes provisórias. A reconstrução definitiva desses locais vai durar seis meses.
Que outras alternativas estão sendo analisadas pelo ministério levando em consideração o cenário cada vez mais grave das mudanças climáticas?
Para o Rio Grande do Sul, de maneira geral, todos os ministérios estão participando, está sendo estudada a possibilidade de conter as águas ainda na serra. Porque elas estão descendo muito rapidamente em virtude da pressão das matas ciliares, da ocupação de encostas. A segunda (providência) é verificar como ampliar a drenagem da Lagoa dos Patos em período de muita chuva, porque ela não baixa de nível, porque drena muito devagar para o oceano. E a terceira é um estudo amplo para o pleno funcionamento dos diques de proteção das cidades, que falharam. Então, essas três providências: conter água na serra, drenar mais rápido as águas da Lagoa dos Patos e o funcionamento pleno dos diques, são fundamentais para evitar catástrofes no Rio Grande do Sul.
O senhor já afirmou que o plano é fazer 35 concessões de rodovias até o fim do governo. O presidente Lula é um crítico das privatizações…
Privatização não é igual concessão. Concessão é uma cessão daquela rodovia por 30 anos, em que o privado vai fazer o investimento e vai cobrar de quem trafega na rodovia num local em que o público não consegue fazer sozinho. O presidente não é contra isso. Ao contrário, é a favor. •
O Estado de S. Paulo