Para José Marques Filho, engenheiro e professor do Departamento de Construção Civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em primeiro lugar é preciso estudar as obras, fazer as análises de hidrologia e meteorologia, além de um estudo das cheias. Depois disso, será possível entender se a melhor solução é rearranjar os vertedouros, aumentar as barragens ou um amortecimento. “Na China, existem diversas barragens para amortecer cheias. O Brasil nunca pensou muito nisso”, afirma. O professor menciona também a possibilidade da reorganização de populações para evitar que elas ocupem regiões sujeitas a enchentes.
Dentro deste cenário, é necessário pensar em como cuidar desses eventos climáticos e quais novas obras seriam necessárias para conter os efeitos, segundo o professor. Também é preciso verificar quais novos empreendimentos hidráulicos seriam necessários para deixar a população segura e minimizar eventos extremos.
“Sobretudo, é preciso fazer uma grande união de esforços de todos os poderes, sob a ótica da engenharia, para minimizar estes estragos. No Brasil, nós temos um alto nível de engenharia. Como nação, vamos ter que analisar todos os casos isolados e melhorar as obras, além de fazer um planejamento sobre como utilizar esse recurso. Essas obras fazem parte da segurança que o Brasil precisa ter. Conforme os efeitos das mudanças climáticas forem se agravando, mais obras hidráulicas teremos que fazer. No futuro, o Brasil deverá despender bastante recurso para lidar com as mudanças climáticas”, opina Filho.
Diante do cenário que se instalou na região, uma fake news a respeito do assunto afirmava que a enchente teria sido causada pela abertura de comportas de barragens da região. De acordo com Marques, nos últimos 25 anos, o Brasil deixou de ter reservatório, isto é, guardar a água. Estas usinas são a fio d’água. Então, toda a água que chega, passa. Por conta disso, elas têm pouca capacidade de amortecimento. No entanto, estas usinas ajudaram a conter um pouco – como elas estavam com nível baixo, até a água chegar e sair, deu uma melhorada nas cheias. Se tivesse sido pensado em algum tipo de amortecimento do pico da cheia, os estragos poderiam ser amenizados”, pontua o professor.
Marina Pastore – Informativo Cimento Itambé