O aperto nos custos do setor da construção pesada determinado pelo aumento persistente dos preços de bens e serviços cuja origem remonta ao final do ano passado, agravado pela guerra na Ucrânia, começa a refletir-se de forma efetiva com a recusa de empresas vencedoras em licitações na assinatura de contratos, segundo afirma Ricardo Portella presidente da Associação Rio-Grandense de Empreiteiros de Obras Públicas (Areop).
”Em Porto Alegre já tivemos casos relacionados com o programa Revitalização de Vias, da prefeitura, iniciado no mandato de Nelson Marchezan, em que as empresas recusaram-se a assinar os contratos devido à defasagem do orçamento elaborado de forma desajustada com a realidade do momento”, relatou o empresário. “Além disso, o orçamento do programa Pavimenta do estado está com os preços defasados, o que também pode levar à paralisação de obras”.
Hoje, em todos os níveis, ou seja, em âmbitos municipal, estadual e federal, as obras estão andando com muita dificuldade porque os preços dos insumos estão absurdamente elevados, com índice setoriais de 30% em um ano, com aumentos de equipamentos muito superiores de até 200% em alguns casos, acrescentou. “ Com patamares de reajustes nesses patamares, não há como manter as obras no orçamento das empresas que têm contratos com reajustes anuais”.
Somente o óleo diesel, segundo Portella, teve um reajuste de 200% em dois anos, o que se reflete em toda a formação de preços até mesmo na cadeia de alimentos, o que se agrava com o aumento da conta de energia elétrica.
Apesar da “dramática” situação determinada pela defasagem entre receitas e despesas, o setor da construção pesada no RS, conforme Potella, vem mantendo seus colaboradores, mesmo em obras que estão em vias de paralisação, o que se deve ao alto custo em uma eventual necessidade de mobilização.
Sobre os pedidos de reequilíbrios dos contratos, Portella informou que o Ministério de Infraestrutura (Minfra), em reunião realizada ontem, em que esteve presente o presidente do Sicepot-RS, Rafael Sacchi, foi apresentado um estudo do setor sobre o quadro atual e os níveis de desajustes dos contratos, devendo ocorrer uma solução até o final deste mês. No estado, o setor aguarda uma posição do Daer, que trabalha em conjunto com a PGE, e da prefeitura de Porto Alegre.